terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Quem decide as tempestades?

Um grupo de mulheres da pesca nos Açores apresentou em Lisboa a peça de Teatro Fórum "Quem decide as tempestades", inserido no Ó PRIMA - Encontro de Teatro d@ Oprimid@ (TO) que decorreu entre 16 e 21 de Fevereiro.

A peça apresentada aborda a temática do trabalho feminino no sector da pesca, trabalho não remunerado e pouco ou nada valorizado: "A Rosa é gameleira. Desde que as suas mãos se lembram de trabalhar, constrói gamelas para o marido levar para o mar. São horas de trabalho não pago. Um dia pede para receber pelo trabalho que faz. Não consegue. Outro dia farta-se e decide tirar a cédula marítima para poder ir para o mar e receber pelo seu trabalho. Mas o marido não deixa…

Já apresentada anteriormente nas ilhas Terceira, Faial e Pico, esta peça é resultado de oficinas de Teatro d@ Oprimid@ realizadas nos últimos dois anos pela UMAR-Açores, em parceria com Descalças Cooperativa Cultural, no âmbito do projecto “Caminhos em Terra e no Mar – As mulheres da Pesca nos Açores”.

A situação de discriminação de género no sector das pescas, realidade de muitas mulheres açorianas, contada e encenada pelas próprias, despertou a curiosidade de quem se deslocou à Casa da Achada, no centro de Lisboa, para assistir à peça. O facto de constituir uma realidade desconhecida para a maioria do público presente levou a que no fórum e na mesa redonda subsequente fossem colocadas muitas questões e discutidas diversas soluções para os problemas identificados.

Para as mulheres/actrizes que se deslocaram a Lisboa , a experiência saldou-se numa mais valia porquanto permitiu dar mais visibilidade e valorização ao trabalho das mulheres da pesca nos Açores.

O Teatro d@ Oprimid@ consiste numa metodologia desenvolvida por Augusto Boal, no Brasil, e constitui um precioso e eficaz instrumento de empowerment e estimulo à participação activa e consciente dos/as cidadãos/ãs na busca de soluções para os problemas que os/as afectam bem como na construção da própria sociedade.

Laurinda Sousa

UMAR-Açores

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Cátia Botelho, administrativa no setor das pescas

Cátia Alexandra Botelho de 29 anos é natural da ilha de São Miguel e trabalha como administrativa no Sindicato Livre dos Pescadores Marítimos Profissionais e Afins dos Açores de Ponta Delgada.

O seu trabalho passa pelo atendimento geral aos sócios, ao preenchimento de documentos, candidaturas, contabilidade não organizada, entre outros.

Para Cátia Botelho é muito gratificante conseguir resolver e ou atender os associados/as que muitas vezes não sabem o que fazer ou como fazer determinadas coisas, acabando por ser um guia para muitos deles.

Cátia, contacta diariamente com homens da pesca, apesar de muitas mulheres de armadores já tratarem da parte burocrática da vida do mar. Devido a este contacto regular refere que acaba por criar uma relação de amizade e até de cumplicidade com muitos pescadores. Segundo ela, passou a fazer parte da “família” deles e eles da dela, ou seja, os problemas de muitos sócios/as são vividos de forma especial, devido aos laços que se criam.

Quando questionada sobre a situação das pescas actualmente, Cátia menciona que neste momento a situação é agonizante. São tantos os problemas e dificuldades, para além dos problemas de rendimentos mais baixos com a venda do peixe e despesas cada vez maiores, a burocracia é enorme para uma simples candidatura são necessários imensos documentos.

Em relação as medidas do Governo para o sector das pescas, são cada vez mais escassas e quando as há são mais para prejudicar do que para ajudar os pescadores. É o caso do fundopesca que já deveria ter sido activado, e para além disso são os atrasos nos pagamentos dos subsídios.

São muitos os desabafos que Cátia ouve diariamente devido à falta de rendimentos, e de apoios considerados como imprescindíveis neste momento de crise que o sector das pescas atravessa.

Como forma de tentar solucionar alguns destes problemas, segundo Cátia Botelho primeiramente deveria existir mais união entre os pescadores/armadores, por que se assim fosse juntamente com as associações de pesca que existem teriam força para fazer ouvir a sua voz. Depois o responsável pelas pescas nos Açores deveria desburocratizar o sector facilitando assim a vida a quem vive do mar. Ser mais justo no apoios a dar, e não beneficiar uns prejudicando outros.

Artigo de: Joana Medeiros

Jornal Açoriano Oriental, página Voz dos Marítimos, 18 de Fevereiro 2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Mulheres da Pesca nos Açores apresentam TO em Lisboa

Um grupo de mulheres da pesca nos Açores apresentam em Lisboa a peça de Teatro Fórum "Quem decide as tempestades", inserido no Ó Prima - Encontro de Teatro do Oprimido que decorre entre 16 e 21 de Fevereiro.

A peça, já apresentada na Terceira, Faial e Pico aborda a temática do trabalho feminino no sector da pesca, trabalho não remunerado e pouco ou nada valorizado: "A Rosa é gameleira. Desde que as suas mãos se lembram de trabalhar, constrói gamelas para o marido levar para o mar. São horas de trabalho não pago. Um dia pede para receber pelo trabalho que faz. Não consegue. Outro dia farta-se e decide tirar a cédula maritima para poder ir para o mar e receber pelo seu trabalho. Mas o marido não deixa…

Esta sessão de Teatro Fórum terá lugar no domingo, dia 19 de Fevereiro pelas 21h na Casa da Achada.

São objectivos do Ó Prima, que abrange formação e visualização de documentários e outras apresentações de Teatro Fórum:

- Aproximar e formar ativistas com ferramentas do Teatro do Oprimido (TO).

- Criar um espaço onde se possam ver peças já construídas com grupos de TO.

- Permitir, nomeadamente a praticantes de TO, discussão política e teórica sobre sistemas de opressão e exemplos de intervenção.

- Criar um espaço de partilha entre diferentes grupos de TO.

- Fazer chegar aos movimentos sociais pessoas que fazem teatro.

Este encontro é promovida por um conjunto de ativistas dos Açores, Lisboa, Porto e Pombal, associados a diferentes coletivos, organizações e projetos, entre os quais a UMAR-Açores, UMAR nacional, Descalças Cooperativa Cultural, Movimento 12 de Março, entre outros.

L.S.