sexta-feira, 8 de junho de 2012

UMAR-A lança livro O Chicharro à Nossa Mesa



O Chicharro à nossa mesa é o nome do livro que a UMAR-Açores apresentou ao público no passado dia 2 de Junho, no Centro Cívico e Cultura de Santa Clara, e marca marca o encerramento do projecto Caminhos em Terra e no Mar - As Mulheres da Pesca nos Açores.

A UMAR- A partiu para este trabalho de pesquisa e recolha de receitas com o objectivo de  abranger todas as ilhas e obter o máximo de receitas possíveis de chicharro. E porquê o chicharro? Porque se trata actualmente de uma espécie de valor comercial baixo, mas que no passado, não muito longínquo, teve uma importância socioeconómica bastante considerável.
Para além de então ser pescado e consumido em abundância, chegou a ser chamado de comida de pobre, o chicharro era muitas vezes utilizado como moeda de troca com produtos hortícolas, por exemplo (uma pratica que no presente parece estar a regressar como forma de contornar ou amenizar a crise).
Assim e para além de procurar contribuir para a valorização desta espécie em particular este pequeno livro/guia – se assim o quiserem chamar,  pretende também recuperar parte da tradição da cultura alimentar do povo açoriano e incentivar para o consumo do pescado.
Dai que apareça neste livro também um artigo escrito por um nutricionista, Dr. Nuno Maia Velho Cabral, que fala sobre a importância  do consumo de peixe para a saúde. Um artigo com um titulo muito feliz  Engorde a sua saúde comendo chicharro” e que prova a importância desta espécie em particular em termos nutricionais.
Tentou-se também no contexto deste trabalho dar resposta as algumas questões:
Quantas formas há de cozinhar chicharro? Em que ilha é esta espécie mais consumida? Existem diferenças na preparação e no tempero entre as ilhas? O consumo de peixe é hoje maior ou menor do que outrora? Porquê? Quem é portador/a das receitas mais antigas? A quem cabe a tarefa de cozinhar? No seio da família quem cozinha com mais frequência? São apenas algumas das questões para o qual procuramos obter respostas.
Ao longo do livro vão verificar que de facto existem - não 1001 maneiras  como o bacalhau - muitas formas diferentes de confeccionar chicharro e que vão desde o mais comum que é chicharro frito com molho vilão até receitas “gourmet” ou da alta cozinha, passando por segredos familiares até agora bem guardados, e que em boa hora resolveram partilhar connosco. E existem sim diferenças entre ilhas nos temperos e formas de confeccionar as mesmas receitas. Este é aliás o motivo pelo qual aparecem algumas receitas repetidas, como o mesmo nome, nas diferentes ilhas.
Os resultados obtidos relativamente ao consumo e às questões de género, ou seja que respeitam à igualdade entre homens e mulheres, são publicados no final do livro.  Através de uma pequena ficha com perguntas que acompanhou a recolha de receitas ficámos a saber, por exemplo, que a grande maioria das pessoas entrevistadas, cerca de 70% , considera que o acto de cozinhar é próprio de ambos os sexos, ou seja é igualmente próprio de homens e mulheres. Isto talvez possa demonstrar já alguma mudança de mentalidade, no entanto logo a seguir perguntávamos quem é que em casa cozinhava com mais frequência... e aí o universo feminino surge destacadíssimo com um total de 86,1%. Por outro lado, quando falamos de restauração, a opinião de quase metade das pessoas é que são principalmente homens a desempenhar a função de “chefs” de cozinha.
Uma outra questão para a qual procuramos obter respostas através dos inquéritos dizia respeito à origem da receita. Mais de metade referiu que a sua receita era de origem familiar, ou seja que tinham aprendido a receita com a mãe (maioria dos casos) avó, tias, irmãs. A opção origem tradicional também se destacou uma vez que para algumas das pessoas auscultadas as receitas “vem de antigamente” e tem origem na sua ilha ou localidade.
O facto de a maioria das respostas identificar a origem da receita no seio da família, comprova o importante papel desta, no geral, e dos seus elementos femininos, em particular, na transmissão de saberes e competências ao longo de gerações, no caso concreto no que se refere à cultura na sua componente gastronómica.
Estes e outros resultados estão apresentados de forma simples e resumida no final do livro. De salientar que não se trata de um estudo exaustivo, antes dá a conhecer alguns resultados curiosos que seriam interessantes aprofundar num trabalho futuro e especifico.
Uma ultima nota para referir que ao todo foram compiladas 160 receitas, das quais 134 de chicharro e as restantes de espécies variadas.  A maioria foi recolhida nas comunidades piscatórias junto de mulheres ligadas ou com relação com a pesca, directa ou indirectamente. Registam-se também receitas facultadas por homens, alguns trabalhadores da pesca, outros ligados à área da restauração ou da comercialização, e outras ainda fornecidas por pessoas que não tendo relação alguma com a pesca quiseram contribuir com os seus saberes e vontades. Isso explica também o surgimento de outras receitas, pelo facto das pessoas terem demonstrado vontade em partilhar as suas especialidades e os seus segredos culinários.
As receitas de chicharro são apresentadas por ilha e por ordem alfabética e as outras  são apresentadas separadas, já sem ser por ilha, mas também por ordem alfabética de forma a facilitar a consulta.

Laurinda Sousa

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Filme “Mulheres na Pesca” apresentado no grupo central


Estreado em Março deste ano, em Rabo de Peixe e em Ponta Delgada, o filme documentário “Mulheres na Pesca” de Maria Simões, uma co-produção de Descalças Cooperativa Cultural e UMAR-Açores, apresenta-se no próximo fim de semana em três ilhas do grupo central, com a presença da realizadora.

Ao longo de 55 minutos, Maria Simões empreende uma viagem em busca das mulheres na pesca, dos Açores, tendo filmado em S. Miguel, Pico, Terceira e Faial ao longo do não de 2011.
Em São Jorge, o filme recebeu o interesse do programa Açores entre Mares pelo que marcará o encerramento deste programa na ilha de São Jorge, no dia 8, pelas 20h30, no auditório municipal de velas.
No Pico, o filme estreia no dia 9 de Junho, Sábado, pelas 18h, no auditório municipal das Lajes do Pico.
Por último, o filme será apresentado no auditório do DOP, na Horta, ilha do Faial, pelas 16h30 de domingo, dia 10 de Junho.
Para além da presença da realizadora nestas sessões, está confirmada também a presença de algumas das protagonistas do filme Mulheres na Pesca que se disponibilizaram para acompanhar e fomentar as conversas que se seguirão após o visionamento do filme.
Contando com o interesse também demonstrado pelas ecotecas dos Açores, o filme está já disponível para ser visionado (por marcação) na ilha Terceira. Entretanto, ainda este mês, o filme estará disponível em todas as Ecotecas dos Açores.
A entrada é livre.