Ilídia Bettencourt é uma grande mulher da pesca natural da ilha Graciosa. Em 1993 tirou a cédula marítima e vai ao mar desde esta altura. Tem um barco chamado "Lagosta" e sempre que o tempo permite sai para o mar em busca de sustento.
Ilídia não tinha qualquer ligação com o sector piscatório, pois a sua família vivia da agricultura. Foi quando casou com um pescador que teve conhecimento de uma nova realidade.
Inicialmente remendava redes, preparava a isca e o engodo, depois de alguns anos decidiu tirar a cédula marítima.
Nesta altura Ilídia sentiu-se um pouco discriminada, algumas mulheres criticavam-na por considerarem que ir para o mar era trabalho de homens. Por outro lado, os homens apesar de estranharem eram mais atenciosos e ajudavam no que podiam.
Ilídia Bettencourt tem duas filhas, e ambas estão ligadas à pesca, num sector dito de homens souberam impor a sua vontade seguindo as pegadas da mãe. Uma das filhas tem mesmo cédula marítima e vai para o mar com a mãe sempre que possível.
Apesar das dificuldades que o sector piscatório atravessa Ilídia sempre apoiou a decisão das filhas, segundo ela a crise está instalada em todos os sectores, temos que saber ultrapassá-la. Quem tem barcos deve tentar mantê-los quem não tem não é uma boa altura para investir.
Ilídia Bettencourt é sócia e membro dos corpos sociais da Ilhas em Rede, Associação de Mulheres na Pesca nos Açores. Para ela é muito importante a existência desta associação que trabalha para a visibilidade e reconhecimento do trabalho das mulheres na pesca.
Ilídia refere que as actividades desenvolvidas pela Ilhas em Rede, como por exemplo os encontros, formações, e o Teatro d@ Oprimid@ têm um papel muito importante para o desenvolvimento pessoal e profissional das mulheres na pesca.||
Texto e foto: Joana Medeiros
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