quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Entrevista a Maria Jorgina Raposo


Jorgina Raposo é uma mulher da pesca natural da Vila de Nordeste, tem dois filhos, uma rapariga e um rapaz, fruto do seu casamento com Ernesto Raposo.

A sua vida na pesca teve sempre muitos altos e baixos, algum tempo depois de casar comprou um barco com o seu marido onde trabalhavam com artes de cerco. Infelizmente com as cheias o mar levou-lhes tudo o que tinham construído, depois compraram um novo barco e devido a algumas alterações na lei passaram a trabalhar com artes de rede de emalhar.

Para que nada faltasse aos seus filhos e para que pudessem ter uma vida adequada, sempre com muito trabalho e sacrifício, quando a vida permitiu compraram uma carrinha e foi a partir daí que as coisas se complicaram um pouco mais. Jorgina referiu que quando saia para vender peixe era muito discriminada, não tanto pelos homens, pois estes limitavam-se a olhar-lhe de lado, mas pelas mulheres que eram muito severas, chamando-lhe nomes e criticando-a pelo trabalho que desempenhava. Para além da venda do peixe Jorgina também trabalhava na administração do barco, consequentemente nas compras e pagamentos dos pescadores.

Devido a todas as dificuldades e adversidades inerentes à vida na pesca Jorgina, hoje em dia, não recomenda esta profissão. Contudo refere que não mudaria de profissão, até porque, enquanto trabalhou 18 anos nos correios sempre trabalhou com o seu marido na pesca.

Jorgina refere que existem algumas políticas que deviam ser alteradas, nomeadamente as que não são vantajosas e úteis para o sector piscatório, como a construção de novos barcos sem se abaterem os antigos, questão que faz com que deixe de haver mais peixe e até mesmo pescadores para irem para o mar.

Jorgina mencionou que para se ultrapassar estes problemas devia-se, por exemplo, compensar os armadores e pescadores mais antigos com melhores reformas de modo a que estes pudessem dar lugar a armadores e pescadores mais novos.

Texto e foto: Joana Medeiros

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