Lúcia
Silva é vendedora de peixe ambulante e vive na bonita ilha do Pico. É casada
com um pescador e mãe de um menino de 4 anos, a embarcação da sua família tem o
nome de “Leonilde e Maria”.
Após
uma estadia de 4 anos nos E.U.A. regressou ao Pico e foi a partir daí que a sua
ligação ao sector da pesca se tornou mais forte. O seu marido tinha um barco e
Lúcia sempre que era necessário auxiliava em algumas tarefas.
Porém
foi há uns anos atrás, quando tirou a carta de condução que, em conjunto com o
seu marido decidiu vender peixe pela ilha. As suas tarefas diárias passam pela preparação
do peixe que depois é encaixotado e passado na lota e depois disso, por volta
das 08h00 da manhã começa a vendê-lo pelas várias freguesias da ilha. Feito
todo este trabalho, Lúcia termina o dia lavando a carrinha, as caixas do peixe
entre outras coisas, deixando tudo preparado para o próximo dia.
Quando questionada sobre se alguma tinha sido
discriminada, Lúcia mencionou que inicialmente as pessoas criticavam a sua
escolha, mas ela nunca se importou, pois a venda do peixe permite-lhe realizar
uma tarefa e contribuir para o bem-estar económico da sua família.
Acerca das medidas tomadas pelo Governo relativamente
ao sector piscatório, segundo Lúcia prejudicam muito a vida dos pescadores. Em
alguns casos são atribuídos subsídios para a construção de embarcações a
pessoas que não vivem apenas da pesca, que poucas vezes vão ao mar, e cujas embarcações
estão a maioria do tempo em terra.
No final do ano de 2010 Lúcia Silva tornou-se
sócia da Ilhas em Rede – Associação de Mulheres na Pesca nos Açores e é com
grande satisfação que faz parte desta “família” e que, em conjunto com todas as
associadas das várias ilhas dos Açores, dá voz ao trabalho desenvolvido pelas
mulheres da pesca, nomeadamente em terra.
Texto de Joana Medeiros (publicado no Jornal Açoriano Oriental - Suplemento Voz dos Marítimos, em 21 de Abril de 2012)