segunda-feira, 11 de abril de 2011

“Como elas se tornaram visíveis”

“As Mulheres da Pesca nos Açores – Como se tornaram visíveis” foi o tema da apresentação da UMAR na Conferencia Internacional “It’s not only about the fish” – Social and Cultural Perspectives of Sustainable Marine Fisheries” que teve lugar na Universidade de Greenwich, em Londres, Inglaterra, nos dias 4 e 5 de Abril.

A apresentação, inserida no Painel "As mulheres e o Género na Pesca" focou duas vertentes: o caminho percorrido na última década pelas mulheres que trabalham no sector da pesca extractiva nos Açores; a metodologia de Investigação, Acção, Participação, que tem sido levada a cabo pela UMAR tendo em vista a valorização e o reconhecimento do trabalho dessas mesmas mulheres.

Contando com cerca de uma centena de investigadores e profissionais oriundos de vários países do mundo (como Austrália, Brasil, Canadá, França, Bélgica, Estónia, Inglaterra e Portugal, entre outros) a conferência de Greenwich permitiu uma abordagem multidisciplinar da pesca sustentável com ênfase nas perspectivas sociais e culturais relacionadas com a actividade e com as comunidades piscatórias.

A necessidade de uma maior interligação entre politica, ciência e comunidades foi uma das principais conclusões a que chegaram os especialistas após os dois dias de trabalho. Foi também consensual o facto de que tem havido um défice de entendimento/compreensão do impacto sociocultural nas comunidades na sequência das reformas e politicas de pesca.

Garantido parece estar o prolongamento do Eixo 4 do Fundo Europeu das Pescas, para além de 2013, segundo o representante da Comissão Europeu presente nesta conferência. Uma ferramenta muito importante tendo em conta o enfoque dado às comunidades piscatórias para além de que abre portas a um maior envolvimento e participação das mulheres.

As temáticas abordadas durante os dois dias de conferência foram:

- D Diversificação das Actividades da Pesca; Politica e Gestão de Pescas; Cultura e Património das Comunidades Piscatórias; Gestão Local para a Pesca Sustentável; Industria Pesqueira e Gestão das Zonas Costeiras; Impactos Sociais das Pescas; Conhecimentos locais e ecológicos da pesca; As mulheres e o género na pesca; A Pesca e a Dependência do Peixe; Senso de Lugar e Identidade nas Comunidades Pesqueiras


Foto e texto: Laurinda Sousa

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Entrevista à jovem pescadora

Jael Raposo tem 17 anos e é natural da Ribeira Seca, concelho da Ribeira Grande. É filha de Zilda Silva uma armadora e grande mulher da pesca.

Inicialmente a família de Jael Raposo não estavam muito ligados ao sector piscatório, a sua mãe tinha uma loja e o seu pai era mergulhador. Porém há 10 anos atrás decidiram comprar uma embarcação e fazer da pesca o seu sustento de vida.

As irmãs de Jael Raposo iam para o mar com a mãe e o pai, e ajudavam em todas as tarefas necessárias, enquanto ela ia para a escola. Esta situação nunca lhe agradou muito, ela começava a gostar cada vez mais da vida do mar, porque como diz o ditado “quem sai aos seus não degenera”.

Por esta razão aos 16 anos Jael Raposo decidiu sair da escola e dedicar-se à vida da pesca, como o seu pai, mãe e irmãs.

Quando questionada acerca de questões relacionadas com a discriminação Jael menciona que nunca se sentiu discriminada, até pelo contrário em algumas situações costuma ser elogiada pelo seu trabalho na pesca sempre feito com muito orgulho, empenho e dedicação, razão pela qual nunca teve vergonha de ser pescadora.

Jael Raposo é a mais nova mulher da pesca pertencente ao núcleo da Ilhas em Rede, em São Miguel, e é com muito gosto e satisfação que participa em todas as actividades que são desenvolvidas, com alguma frequência, pela UMAR-Açores e pela Ilhas em Rede.

Relativamente à mais recente actividade em que as mulheres da pesca dos Açores estiveram presentes, a celebração do Dia Internacional da Mulher, Jael Raposo refere que foi com muito prazer que participou nas actividades no Faial, uma vez que pôde demonstrar através da feira exposição algum trabalho que desenvolve diariamente, como a preparação das redes, para além de que, segundo ela, o convívio e a troca de experiências é muito rico e gratificante.

Texto: Joana Medeiros