segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Adriana Luz, jovem pescadora e mulher da pesca da Graciosa

Iniciamos o novo ano entrevistando uma jovem pescadora da ilha Graciosa. Adriana Luz é filha e neta de pescadores e desde pequena sempre esteve ligada à pesca.

A princípio costumava passear com o seu pai numa lancha de recreio e refere (rindo) que deve ser por isso que não enjoa quando vai para o mar.

O seu gosto pela pesca foi aumentando, o seu pai passou a dedicar-se totalmente a este sector, e a certa altura Adriana decide, com o apoio dos pais tirar a cédula marítima, e aos 18 anos já tinha cédula e podia ir para o mar como pescadora.

A partir daí, sempre que estava disponível inscrevia-se em outros cursos para pescadores, e agora aos 21 anos, Adriana tem o curso de arrais de pesca local e condução de motores. E neste momento está inscrita no curso de GMDSS.

Embora goste do trabalho na pesca, Adriana não se dedica totalmente a esta profissão. Está a tirar o curso de Higiene e Segurança Alimentar (nível V) e o seu desejo para o futuro é que um dia possa trabalhar como inspectora no ramo da pesca.

Quanto às medidas que são aplicadas no sector piscatório, Adriana tem uma opinião bastante vincada. Considera que em alguns casos são tomadas medidas injustas para os pescadores, como no caso dos subsídios. Não se tem em conta o factor de instabilidade do sector.

Em termos de fiscalização têm sido feitos muitos progressos, por exemplo quanto á segurança no trabalho. Porém também é fundamental garantir uma maior qualidade do pescado, através de um maior empreendimento, por exemplo, existência de mais entrepostos de frio nas ilhas dos Açores.

Adriana Luz é uma das mais jovens sócias da Ilhas em Rede e segundo ela é um prazer fazer parte de uma associação que luta pelo reconhecimento e valorização do papel das Mulheres na Pesca.

Texto: Joana Medeiros - Socióloga

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Mulheres da pesca, porta-vozes do sector

As mulheres da pesca nos Açores assumem-se cada vez mais como porta-vozes dos problemas que afectam o sector. No telejornal da RTP-Açores do passado dia 13 de Janeiro destaque para uma entrevista com Maria do Espírito Santo Ferreira, armadora do barco "Lua Cheia", aos 03.36 minutos. O tema está relacionado com a penhora do dinheiro da venda de pescado a quem tem dividas, por parte das Finanças. Eis o link:

http://www0.rtp.pt/multimediahtml/video/telejornal-acores/2012-01-13

L.S.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Entrevista a Lídia Ferreira, pescadora na ilha de São Jorge

Lídia Maria Ferreira é uma pescadora da bonita ilha de São Jorge, freguesia da Urzelina.

Ao contrário de algumas mulheres da pesca entrevistadas anteriormente, a sua ligação com o sector piscatória iniciou-se há poucos anos.

Lídia Ferreira anteriormente desempenhava outras tarefas, trabalhava com o marido na carpintaria, mais tarde cortou lenha que era vendida a fábricas e cooperativas. Foi sempre uma grande trabalhadora, mãe e esposa.

O marido de Lídia gostava de pescar e foi daí que surgiu a ideia de irem ao mar, inicialmente praticaram pesca desportiva. Com o passar do tempo tiraram cédula marítima e arranjaram um barco maior “Família Sousa”.

Quanto ao trabalho que desempenha na pesca, Lídia Ferreira para além de ir ao mar, faz aparelhos de pesca, prepara o engodo e a isca e trata da administração do barco.

Lídia tem três filhos e todos eles gostam de ir ao mar. O seu filho mais velho, sempre que é necessário vai pescar com o pai e a mãe, gosta muito de ser pescador e não faz desta actividade uma profissão devido à instabilidade e falta de salários fixos.

Quando questionada sobre discriminação, Lídia refere nunca ter sido alvo, muitas pessoas consideram-na corajosa e aventureira. Lídia menciona um episódio engraçado em que de madrugada antes de ir para o mar, também passa no café, como muitos pescadores homens e isso nunca foi criticado.

Lídia faz parte da Ilhas em Rede, Associação de Mulheres na Pesca nos Açores e segundo ela tem sido uma experiência muito enriquecedora e uma ótima forma de dar visibilidade ao trabalho das mulheres da pesca.

É muito importante que as mulheres se façam representar em encontros e debates, que mostrem o seu interesse em matéria da pesca e mantenham-se informadas acerca de legislação, despachos e portarias.

Entrevista: Joana Medeiros

Foto: Laurinda Sousa

Publicada no Jornal Açoriano Oriental, Página Voz dos Marítimos, 17 de Dezembro de 2011