quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Homens e mulheres da pesca discutem com investigadores os grandes temas para a pesca da Região

Entre 21 e 24 de Outubro membros de comunidades piscatórias açorianas, investigadores regionais e internacionais vindos da Dinamarca, Islândia, Espanha, Grécia, Reino Unido, Escócia e Polónia reunir-se-ão em Angra do Heroísmo e Ponta Delgada no workshop “Explorar a riqueza das comunidades piscatórias ouvindo as suas vozes” uma iniciativa da Universidade dos Açores que tem como objectivo discutir questões fundamentais para o sector das pescas do ponto de vista dos pescadores.

Na sequência do projecto “EDUMAR – Perspectivas sobre o mar” financiado pela Direcção Regional da Ciência e Tecnologia realizado entre 2008 e 2010, e numa colaboração entre o Grupo da Biodiversidade dos Açores, a Associação para a Defesa do Património Marítimo dos Açores e a UMAR Açores foram realizadas entrevistas a membros de associações de pescadores de várias ilhas para auscultar quais as grandes questões que estes gostariam de ver debatidas.

Destes contactos acabariam por ser eleitos 5 grandes temas: (1) a política das pescas, (2) o transporte, marketing e comercialização de pescado de alta qualidade e a necessidade da criação de oportunidades de uma venda mais justa para os pescadores; (3) o acesso à educação e a sua relevância para os jovens que gostariam de ver a prática da sua actividade credenciada; (4) o papel da colaboração entre pescadores e investigadores no estabelecimento de parcerias para a monitorização e gestão de stocks nos parques marinhos (tendo como exemplo o Caneiro dos Meros e o Banco do Condor) e finalmente (5) oportunidades e desafios para pesca tradicional do ponto de vista turístico.

Na sexta-feira dia 21 pelas 9h30 dar-se-á início aos trabalhos que terão lugar no auditório do Campus do Pico da Urze da Universidade dos Açores. Os participantes estarão organizados em mesas redondas para a discussão dos 5 temas em debate. Quem desejar participar, terá que se inscrever previamente para as sessões de sexta-feira (dia 21) no entanto, para as sessões de sábado (dia 22) que terão lugar no Centro Social e Paroquial de São Mateus da Calheta (a partir das 14h), e para as sessões de segunda-feira (dia 24) na Ribeira Quente (pelas 11h30) e em Rabo de Peixe (pelas 15h00) os interessados poderão assistir, sem a necessidade de inscrição prévia, e participar num evento que, de forma inovadora tentará abrir a discussão, tradicionalmente fechada à academia e à decisão política, à participação das comunidades piscatórias “ouvindo as suas vozes”.

Fonte: Comissão Organizadora da Conferência

Foto: Laurinda Sousa

Ângela Rodrigues, mulher da Pesca da ilha do Pico

Ângela Rodrigues é uma mulher da pesca que vive na soberba ilha Montanha, Pico.

É casada com um pescador, e foi desde aí que se ligou de corpo e coração à pesca. Já tiveram trêsbarcos, hoje têmo “Ângela”.

O seu trabalho na pesca foi se intensificando ao longo dos anos. Inicialmente Ângela encarregava-se de tarefas como a limpeza do barco, quando chegava do mar,bem como dacarrinha onde o peixe era vendido. Depois foi se integrando na vida da pesca, começou a vender peixe pelas freguesias, apreparar a isca, o engodo,etc.

Ângela refere também, que àsvezes trata da administração do barco, apesar de ser o seumarido quem o faz regularmente. Quando questionada com o facto de já ter sido discriminada pelo seu trabalho na pesca, Ângela diz que no inicio, alguns homens ficavam surpresos ao ver uma mulher a trabalhar no porto, por exemplo às 5hoo da manhã, mas directamente nunca foi alvo de discriminação.

Acerca das leis da pesca, segundo Ângela, é necessário que hajam para o bom funcionamento do sector piscatório, porém nãodescarta o facto de em alguns casos serem prejudiciais para os/as pescadores/as, devido às especificidades das ilhas dos Açores.

Ângela Rodrigues faz parte da Ilhas em Rede, Associação de Mulheres na Pesca nos Açores, desde 2008, altura em que foi criada a associação. Para ela é um orgulho fazer parte da Ilhas em Rede, é uma forma de dar a conhecer o papel das mulheres na pesca e neste sentido, dar voz a umgrupo muitasvezes invisível e esquecido. Ângela recorda que há uns anos atrás eram muito poucas as mulheres que se faziam representar em debates e reuniões sobre osector piscatório, porém hoje isso está a ser ultrapassado e a Ilhasem Rede tem constituido um forte contributo para tal.

As mulheres hoje participam e interagem.

Texto e foto: Joana Medeiros